quinta-feira, 26 de novembro de 2009

De Nosferatu a Robert Pattinson

Desde que eu me conheço por gente tenho insônia. Lembro-me de uma vez, quando tinha 7 anos e ainda morava em São Paulo com minha família, que num dos meus passeios noturnos pela casa, tentando me cansar para conseguir dormir, acabei tomando a direção da sala de televisão, que ficava no térreo. Para minha surpresa estava passando o clássico “Nosferatu”, do alemão F. W. Murnau. Como eu sempre gostei de filmes de terror e suspense, ainda mais envolvendo o tema vampirismo, diminui o volume, me acomodei na cadeira de balanço da minha avó e encostei a porta para o meu pai não me ouvir.

Na cena em que aparece aquela sombra temerosa do Nosferatu, meu irmão, na época com 5 aninhos, me aparece de repente na sala de TV, pedindo para assistir o filme comigo. Recuperada do susto, que quase pôs a perder minha “noite de horror”, disse que era para ele ficar bem quietinho e que se papai nos ouvisse ele iria se ver comigo. Ele se aconchegou nas almofadas que ficavam no chão e acabou dormindo. Lá para o final do filme, o infeliz me dá um berro e começa a chorar. Teve um pesadelo. Só lembro de ter sentido os passos firmes de papai descendo as escadas e a mão dele pegando no braço: “Já te falei para ir dormir e não ficar vendo esses filmes! Assustou o garoto!”. Resultado: fiquei de castigo duas semanas e quase matei meu irmão.

Sou uma fã incondicional de filmes de terror, sejam eles trash, como “A morte do demônio”, ou mais rebuscados com diálogos inteligentes, como “A Chave Mestra” ou o próprio “Nosferatu”. Não me perguntem o por quê, só sei que me diverte demais. Para mim, quanto mais tenso melhor. Por favor, peço que não me pré-julguem achando que sou louca ou sádica... na verdade sou uma romântica inveterada, uma “menina” que usa cor-de-rosa e salto alto, mas que, diferente da maioria, odeia comédia romântica, como “Um lugar chamado Notting Hill”, ou romances melosos, como “Love Story”. Dessa vez posso sim dizer o por quê: utopia pura.

Quando um homem vai invadir uma coletiva de imprensa e pedir uma atriz em casamento, se os homens de hoje tem vergonha de dizer “eu te amo” entre quatro paredes, quanto mais para uma multidão ouvir? Quando, hoje, um homem aceita ser deserdado só para casar com quem ele ama? Vai viver onde? Só se for debaixo do viaduto do Joá. O problema é que quando assisto a um romance ou a uma comédia romântica (geralmente obrigada!) lembro do quanto seria bom se isso tudo ocorresse na vida real. E como não acontece, acabo me sentindo frustrada, irritada e deprimida.

Na sessão das 22 horas no TeleCine de ontem assisti ao filme “Crepúsculo”, mais por insistência de duas amigas minhas (viciadas na saga!) e por curiosidade do que por qualquer outro motivo. Queria ainda ter a propriedade, após vê-lo, de dizer o porquê de eu não ter gostado. Sem falar, que nesse mesmo dia, à tarde, minha curiosidade foi ainda mais desafiada quando, num evento para o trabalho, recebi uma produtora de TV que tinha na mão não uma pauta, mas sim dois dos livros da já imortal (sem trocadilhos com sua famosa obra) Stephanie Meyer: “Crepúsculo” e “Lua Nova”. Ou seja, o universo conspirava contra a minha obstinação em não assistir a esse romance.

Pensei: o ruim é o gênero, mas há também um lado positivo, tem vampiros. Resultado: estava certíssima, não gostei. Fiquei frustrada, irritada e muito, mas muito deprimida. Como assim: “Você agora é a minha vida!”? O filme começa com o personagem do bonitão da vez, agora eleito o mais sexy do mundo, sentindo o cheiro “delicioso” (agora sim o trocadilho) de um amor que demorou séculos para encontrar. Irritado, a princípio, a agride como uma forma de autodefesa, mas depois se entrega. Sabendo que pode machucar seu amor com um simples beijo, resta aos dois ficar somente no clima de sedução... o longa inteiro!

Depois eu é que sou a sádica amante dos filmes de terror. Pelo menos Lestat, em “Entrevista com o vampiro”, morde de paixão suas vítimas, mostrando uma lascividade invejável. Ele as mata para mostrar poder e para se alimentar ou, por algum motivo pessoal, as transforma em vampiros, como fez com seu companheiro, o cansativo Louis. Deixando de lado o amor impossível e ainda assim perfeito entre Bela e Edward, o que Stephanie Meyer fez com os vampiros daquela história? Vegetarianos e que brilham como diamantes ao sol? Ao sol... outra utopia ou um simples ultraje aos contos remotos da mitologia. Depois dessa, Drácula deve estar literalmente se revirando no túmulo. Por mim, Edward, como um verdadeiro vampiro, deixaria seu desejo dominar e transformaria Bela num monstro assim como ele, para que juntos pudessem viver para toda a eternidade. Viram? Eu não menti quando disse que era uma romântica inveterada.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Me Adora"

Essa música da Pitty é fantástica...

"Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei:
“Só não desonre o meu nome”

Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber

Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que o seu olho pode ver
Então não desonre o meu nome
Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Por que as mulheres surtam?

Há muito tempo quero esclarecer essa questão, uma incógnita para nós mulheres à beira de um ataque de nervos e para os homens que sofrem com os nossos surtos. Sim, sim... eu me inclui na maioria. Um dia, claro que numa mesa de bar pra lá de animada, um amigo do meu irmão começou a divagar sobre o quanto a “pista” está complicada. Segundo ele, encontrar uma mulher que não surte é difícil. Por mais carinho que o homem possa dar parece que nada basta para que ela se sinta segura o suficiente para entrar numa relação a dois sem reservas.

Eu, claro, fiquei na minha, mesmo porque concordo com ele, tanto sobre as mulheres quanto sobre os homens, que, no nosso caso, nos parecem confusos e também obcecados por nosso passado. Acho, na verdade, que a maioria tem medo de se entregar a uma mulher cujas histórias vividas podem vir a “denegrir” a imagem de garanhão ou de super-homem (sem querer ser pejorativa) que desejam manter a curto, médio e a longo prazo.

No decorrer da narrativa, acompanhada atentamente por mim, uma amiga e meu irmão, o garoto de 27 anos disse que adorava namorar, inclusive que havia terminado um namoro de nove anos recentemente. Sem ignorar uma necessidade visceral de me manter fiel com a verdade, escrevo suas exatas palavras: “Namorei nove anos e nunca fui santo, confesso. Mas juro que pelo menos em dois anos do nosso relacionamento me mantive fiel”. Paradoxo é a palavra que, no mínimo, descreve esse discurso machista. Perplexidade e revolta foram duas que me ocorreram na ocasião. E ele ainda pergunta por que as mulheres surtam?

Falei para o garoto, porque homem ele não é (ainda), se colocar no lugar da tal namorada, que por mais que não soubesse das coisas que ele fazia enquanto ela dormia em casa, nada poderia justificar tamanha falta de consideração com alguém que ele jurava amar. Acredito piamente – e acho que falo por todas nós que às vezes surtam – que perdemos a cabeça quando algo assim acontece, pois acabamos sempre por descobrir tempos depois. Para vocês homens faço duas perguntinhas: por que namoram se querem galinhar? Por que falam “sou sincero; você é linda e especial; nunca vou te magoar etc” se isso nada significa?

No meu caso, por exemplo, terminei o relacionamento com a minha pessoa especial há quatro meses e vinte e oito dias (para vocês verem como eu superei! rs) e até hoje sofro. Rompemos porque ele teve ciúmes de uma relação superficial e insossa que mantive há nada mais nada menos do que cinco anos atrás com um conhecido dele. Fato este que eu só tive conhecimento na data em questão. Ele, minha pessoa que infelizmente continua especial, preferiu jogar no lixo um relacionamento baseado na confiança mútua, total simbiose, na paixão, admiração e no respeito por um fantasma que para mim de nada valeu. É a velha expressão by século XIX: “Minha mulher não pode ter sido um passatempo. Minha mulher não pode ter se deitado (termo bem século retrasado!) com um cara que é meu conhecido”. Mesmo que tenha sido há cinco anos(?).

Resumo da Ópera, como diz uma amiga, depois de um mês ele já estava com outra. Enquanto eu continuo aqui surtando e arrastando corrente. Agora eu esclareço: sempre damos um voto de confiança a vocês, já que queremos acreditar que se importam e são sinceros, mas quando descobrimos, cedo ou tarde, que tudo não passava de uma mentira surtamos. E pior, resgatamos essas neuroses sempre quando nos vemos novamente envolvidas. Por isso que tanto homem solteiro não encontra namorada e é por isso que tanta mulher a procura não encontra um cara legal. Vocês finalmente conseguiram fazer com que os sexos opostos sejam incompatíveis. Felizes são os homossexuais que são volúveis, mas se entendem e se respeitam assim mesmo.